Saudações, mortais desse Estranho Mundo.
"O homem, e apenas o homem, é, definitivamente, o deus de Saramago — o homem vítima dos poderes tirânicos, o homem humilhado pela religião, o homem escravo de seus mitos." É com essas palavras que Juan Arias, escritor e jornalista espanhol que entrevistou o escritor português e Prêmio Nobel de Literatura José Saramago para seu livro 'José Saramago - o amor possível', define não apenas o já citado autor mas também toda sua obra. Em "Caim", romance publicado em 2009, Saramago utiliza-se da inteligência e criatividade costumeira aditivada pela ironia ácida para embasar deus (com d minúsculo, como o autor prefere) como mentor intelectual do primeiro fratricídio - isso segundo a Bíblia. Mas que fique bem claro: não se trata de um tratado de teologia, nem um ensaio, nem um ajuste de contas - é uma ficção em que Saramago põe à prova a sua capacidade narrativa ao contar, no seu peculiar estilo, uma história de que todos conhecemos. Então baixem o fogo das fogueiras inquisidoras!
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"Almas atormentadas, tremei!"
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