domingo, 7 de novembro de 2010

Jorge Mautner - Para Iluminar a Cidade (1972)


Saudações, mortais desse Estranho Mundo.
Nascido no Rio de Janeiro, em janeiro de 41, Henrique George Mautner é filho de refugiados da Segunda Guerra que encontraram no Brasil, além da tão buscada paz, a tolerância cultural - base de toda carreira artística do filho. Vítima de uma paralisia traumática (por não conseguir trazer sua outra filha da Europa em guerra), a mãe de Mautner conta com a ajuda da babá Lúcia para educar o filho. Lúcia, por sua vez, apresenta o menino aos batuques e ao candomblé. Em 48 seus pais se separam e sua mãe muda-se para São Paulo e casa-se com um músico da Orquestra Sinfônica. Jorge passa a ter contato com o violino e os artistas das rádios. Em 50 Jorge Mautner é expulso do colégio em que estudava após escrever um texto tido como "indecente" (hoje a escola tem uma sala dedicada à ele). Aos 15 anos começa a escrever seu primeiro livro, "Deus da Chuva e da Morte", vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura. Aos 18 anos começa a compor e, aos 21, depois de lançar o Partido Kaos, filia-se ao Partido Comunista. Em 64 é preso pela ditadura militar. Em 65 lança seu primeiro single. Incluido na lei de Segurança Nacional, Mautner é exilado nos Estados Unidos e começa a trabalhar na Unesco e traduzindo livros do português para o inglês. Em 67 conhece Paul Goodman, teólogo da nova-esquerda do anarquismo pacifista, de quem recebe maiores influências sobre ecologia. Em 68 retorna ao Brasil. Em 70 dirige e participa do filme "O Demiurgo" que, censurado, passa a ser exibido após seus shows. No mesmo ano, Mautner passa a contribuir com o jornal "O Pasquim". Em 72, finalmente, lança "Para Iluminar a Cidade", pelo selo "Pirata". A idéia do selo era simples: reduzir o preço dos discos, a partir de uma produção mais barata, com capa em apenas duas cores e um carimbo estipulando o preço em 15 cruzeiros (em média os discos custavam 25, 30 cruzeiros na época). O selo acabou sendo boicotado pelas lojas e faliu, consagrando o disco com o rótulo "comercialmente marginal".
Destaques para as faixas "Estrela da Noite" e "Quero Ser Locomotiva".
Personagem de uma geração combativa e criativa, Mautner figura entre os "malditos" da cultura brasileira com sua MPB inquieta e miscigenada. Sua visão diferenciada sobre o mundo e sua coragem de experimentar nunca o consagrarão, mas seu talento e biografia, com certeza, já o eternizaram.
"O mundo se brasilifica ou vira nazista." - Jorge Mautner.
Mais informações aqui.
"Almas atormentadas, tremei!"

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