terça-feira, 7 de setembro de 2010

365 - Cenas de Um Novo País (1989)

365 - Cenas de Um Novo País (1989)

Saudações, mortais desse Estranho Mundo.
Como ateu convicto, internacionalista por opção e niilista por experiência de vida, sempre apreciei os feriados - principalmente os que caem na segunda e/ou sexta-feira - sejam eles cívicos ou religiosos. Não sei, deve ser culpa das antigas aulas de Educação Moral e Cívica, OSPB e de ter que cantar o hino nacional toda segunda-feira, sempre enfileirado repetindo aquelas estrofes estranhas que poucos - quase ninguém - sabiam ao certo o que queria dizer.
O fato é que Nação é um conceito humano abstrato dado a um grupo de pessoas - geralmente do mesmo grupo étnico, - que falam o mesmo idioma e tem os mesmos costumes.
Sim, eu falo português mas não sou ouvido.
Quando decidem sobre quem tributar, quanto cobrar de impostos, o que fazer com que sonega - e com quem paga em dia - nunca perguntaram minha opinião.
Nunca quiseram saber se sou a favor ou contra a reforma política, a reforma constitucional, a reforma do sistema de saúde, da segurança, da educação, da cultura (putz! quanta coisa precisa ser reformada!).
E se me ouvissem, será que faria diferença pra eles?
Acho que não.
A verdade é simples mas não queremos admitir:
o jogo já está rolando desde 1500;
as regras não foram estabelecidas por nós mas já estão em vigência;
nossas cartas estão obviamente marcadas e até o juíz está contra nós.
Ou a gente aprende a jogar e passa a ganhar
ou entraremos pra história como o
eterno país do futuro.
A 365 se consagrou com seu Rock de Combate exatamente por isso: não ignorava o fato de que os pobres, os negros, o indígenas, os estrangeiros ilegais, as mulheres, as crianças, o idosos e toda massa desprestigiada de nosso país são partes do nosso corpo social. Enquanto eles estiverem em condições como as de sempre, não seremos Nação.
Nunca!
Sem cair no ufanismo simplório - e muitas vezes até ignorante, violento e xenofóbico - da maioria das bandas nacionalistas, Finho (vocais), Ari Baltazar (guitarras), Callegari (baixo) e Miro de Melo (bateria) registraram, em 89, o álbum "Cenas de um Novo País", com faixas como "Só Armas Não Fazem a Revolução", "Berço Esplêndido" e "Nunca Mais Seremos os Mesmos".
Música pra ouvir, pensar e agir.
"Almas atormentadas, tremei!"

4 comentários

Pervitin Filmes disse...

Valeu pelo ótimo artigo, caro hellraiser! TAmbém sou ateu convicto, niilista e misantropo. O Callegari, da 365, é uma figura importante da cena punk original de SP. Um abraço.
Sandro Neiva

Bloody Mary disse...

Realmente, Hell,
texto excelente!
Parabéns!

Loverocklive disse...

Meu essa banda é f***

parabéns pelo texto, podemos trocar links de divulgação ?

Hellraiser disse...

Saudações.
Muitíssimo obrigado pelos elogios mas quem merece todo crédito nesse blog são os ESTRANHOS que através da música, da literatura e do cinema, conseguem expressar algo mais do que o óbvio e o redundante.

Obs.: troca de links? É claro!
Quanto mais ESTRANHOS, melhor!

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