domingo, 20 de setembro de 2009

Video: Fahrenheit 451 (1966) (700 MB - .avi - legendado)

Video: Fahrenheit 451 (1966) (700 MB - .avi - legendado)

Saudações, mortais desse Estranho Mundo.
Certa vez eu li que a história de "Fahrenheit 451" se passa numa "..América hedonista e anti- intelectual que perdeu totalmente o controle..".
Bastante familiar, não acham?
O romance original de Ray Bradbury, publicado pela primeira vez em 1953, ganhou ares de "cult movie" quando François Truffaut, em 1966, transpôs a (pré)visão nada otimista de Bradbury sobre um futuro controlado e sem auto-crítica, passivo e medroso, que prefere a segura-ignorância à confrontar-se consigo mesmo nas páginas carregadas de idéias e opiniões dos livros.
Guy Montag é um bombeiro cujo trabalho consiste em perseguir os cidadãos/leitores, confiná-los, se preciso for, e queimar-lhes os livros. Tão acostumado àquela realidade, Montag nunca exitou em incinerar bibliotecas inteiras em nome da "ordem" até o dia em que conhece Clarisse McClellan, uma nova vizinha de ares independentes e questionadores que o chama à realidade - talvez pela primeira vez em sua vida. Desconfortável e atraído por aquele encontro, Montag cristaliza sua inquietação ao perceber a forma distante - quase robotizadas - com que as relações se dão à sua volta. Como em toda conspiração universal a coincidência empurra-o irreversivelmente, colocando-o frente à frente com uma mulher que prefere queimar junto com sua biblioteca e com uma frase, extraída aleatoriamente de um dos livros que deveria quemiar:
“O tempo adormeceu sobre o sol da tarde”.
Pronto.
Montag já não é mais o mesmo.
Os livros tornam-se obcessão e Montag passa a roubá-los, escondê-los em casa na vã tentativa de compreender e perpetuar seus conhecimentos. É aí que entra Faber, um professor que começa a ensinar o bombeiro sobre a importância dos livros e do esforço da literatura em tentar conseguir racionalizar a existência humana. Em pouco tempo, Montag passa de perseguidor à perseguido, indo refugiar-se entre os diplomados de diversas universidades liderados por Ganger.
Mas já era tarde e uma verdadeira guerra assola a fictícia sociedade-sem-livros.
Bradbury chegou mesmo a declarar que "Fahrenheit 451" não é um roteiro sobre censura e sim uma história sobre como a televisão destrói o interesse na leitura. Escrito nos porões da Biblioteca Powell, localizada na Universidade da Califórnia, numa máquina de escrever alugada, "Fahrenheit 451" é uma declaração de amor aos livros e às bibliotecas, espaços de difusão de cultura cada vez menos valorizados em nossos dias.

Curiosidades:

Os créditos iniciais do filme não são escritos, mas narrados, para antecipar o clima de leitura proibida. Nesse momento, são mostradas várias antenas de TV nas casas.

O ator Oskar Werner se desentendeu com o diretor, e mudou o cabelo na última cena só para gerar um erro proposital de continuidade.

Entre as obras queimadas durante uma ação dos bombeiros, podem-se ver "Fahrenheit 451" — o livro que deu origem ao filme — e a revista Cahiers du Cinéma, revista na qual o diretor escrevia.

Diálogo entre Montag e seu superior no esquadrão:
"— O que faz nas horas de folga, Montag?
— Muita coisa... corto a grama...
— E se fosse proibido?
— Ficaria olhando crescer, senhor.
— Você tem futuro."


Fahrenheit 451 é uma referência à temperatura de queima do papel.

Este é o único filme em inglês e o primeiro em cores de Truffaut.

Mais informações aqui.
"Almas atormentadas, tremei!"

3 comentários

ganjacore disse...

Não tinha melhor oportunidade para retribuir o comentário. Este filme é surreal! espetacular e atemporal. os clássicos literários citados são o must da coisa. Se eu tivesse que adotar um livro, seria "Mulheres" de Charles Bukowski. Já li tantas vezes que dá pra decorar! "crime e castigo" do Dostoievski também rolava! Grande postagem!!

Bloody Mary disse...

Olá, Hell!
Seja bem-vindo de volta ao Estranho Mundo de Mary!
Sei que você está debilitado com sua internet por isso não vou descontar seus dias de ausência..
huahuahuahuahua
Sem brincadeira: esse filme é um verdadeiro clássico! Não é apenas um alerta quanto ao obscurantismo em que mergulhamos quando permitimos e defendemos normatizações de coisas tão vivas como idéias, livros - internet -, mas também sobre a importância de refletirmos sobre nossa condição e nossas relações humanas.
Obrigada pela postagem!

Pervitin Filmes disse...

Caramba! Esse filme é clássico. Uma vez estava com a camiseta do filme e um moleque me parou e disse: - "ah, legal, o filme do Moore". Eu disse: "não amigo, o filme do Truffaut". A cena da mulher que se deixa queimar com seus livros é maravilhosa.
Um abraço.
Sandro Neiva
www.pervitinfilmes.blogspot.com

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