Saudações, mortais desse Estranho Mundo.
Li e ouvi muitas opiniões sobre "Lulu", o álbum colaborativo de Lou Reed com a Metallica. Desde antes de seu lançamentos diversas interpretações sobre o projeto já haviam sido formuladas e publicadas. Manifestações apaixonadas - e, por isso, cegas - não faltaram: disseram que o Metallica não tinha mais inspiração, que Reed queria apenas se promover, que era apenas perda de tempo e outras bobagens mais. Ouvi o disco e formulei minha própria opinião: trata-se de outro bom disco de Reed que só será compreendido daqui 20, 30 anos (como foi "Berlin") - ou que não o será nunca (como "Metal Machine"). O desafio de dar forma a um álbum conceitual baseado na montanha-russa de emoções de uma dançarina perturbada e solitária não é coisa pouca. Reed e sua posesia conseguiram traduzir isso muito bem - mesmo que alguns prefiram repetir que "rock não é poesia" e etc, etc. Radical, aliás, é algo que Hetfield e Ulrich definitivamente não são. Ainda bem pois assim sua criatividade não se deixa fixar comodamente a esse ou aquele formato - quer gostemos disso ou não. Desavisados chegaram a questionar o vocal de Reed - monotônico, declamativo, lamurioso - sem se atentar para seu histórico marginal, desregrado e subversivo que, desde os anos 60, influencia não apenas gerações, mas tendências inteiras do Rock. Os adventistas de "Master of Puppets" (aqueles que esperam a segunda-vinda de Cliff Burton?!) sangraram pelos ouvidos - mas foi por pura ingenuidade, já que nunca se anunciou um "novo disco do Metallica", mas sim "um novo disco de Lou Reed". Os fãs de Reed (se é que existem) quase não se manifestaram - devem achar tudo isso uma perda de tempo. Em partes eu concordo, já que gosto, cada um tem o seu. Escrevi sobre "Lulu" no "Welcome to the Jungle" apenas para oferecer aos interessados em ir mais além, um manual, um mapa para que possam atravessar o registro do início ao fim cientes, ao menos, de onde estão pisando. Onde e quando vão chegar, depende da experiência, da vontade e da coragem de cada um. "Live In Germany" registra Reed e Metallica numa performance controlada de "Lulu", frente a uma platéia de um programa de rádio alemão. "Iced Honey", "The View", "Mistress Dread", "Dragon", "Junior Dad", e a versão de "White Light/White Heat", foram as escolhidas para estarem aqui.
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"Almas atormentadas, tremei!"
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