Saudações, mortais desse Estranho Mundo.
O que define a "música experimental"?
Para o baterista e pianista Jerome Cooper e seus amigos Leroy Jenkins (violino e viola) e Norris "Sirone" Jones (baixista) é aquela capaz não apenas de libertar a mente de quem ouve, mas também de se libertar das amarras estabelecidas pelo próprio conceito de música através dos séculos. O trio Revolutionary Ensemble é capaz de tudo isso - e sem abrir mão da paixão viciante pelo Jazz. De 1971 à 1977 o trio esteve ativo (reuniu-se em 2004) e, mesmo com uma discografia bastante pequena e obscura, foi considerado um dos grupos mais criativos e importantes da década. "The Psyche", de 75, contém três faixas. "Invasion", e seus mais de 26 minutos de duração, ocupava todo o lado A do vinil. Muito mais do que mera improvisação, a faixa era, na verdade, uma suíte em que os solos se desdobravam sobre uma estrutura musical muito extensa e complexa, traço característico de Cooper. "Hu-Man", de "Sirone" Jones, impõe aos ouvintes a desmedida e incontrolável melancolia jazzística associada à imprevisibilidade da música experimental - tudo em perfeita harmonia com a condução de Jenkins e suas cordas. Aliás, especialmente em "Collegno", faixa assinada por Jenkins, podemos perceber o quanto sua técnica e sensibilidade permitem equilibrar o Jazz tradicional e o experimental sem que nenhum lado seja desmerecido.
Com certeza nada do que foi escrito aqui fará sentido depois dos 46 minutos de estranheza musical talentosa e criativa contida nesse álbum. Mesmo assim, se a dúvida sobre o que realmente é "música experimental" em tempos de artistas e idéias pré-fabricadas, lembre-se que em diversas lojas de discos usados exitem sempre aquelas prateleiras empoeiradas e com cartazes de promoção (5 por R$1,00) que podem esconder pequenas obras que podem contribuir para que, no final das contas, você chegue à sua própria conclusão sobre o assunto.
Mais informações aqui.
"Almas atormentadas, tremei!"
seja o primeiro a comentar!