Amigos,
minha geração cresceu lendo HQ´s.
Primeiro as infantis, com Maurício de Souza e sua Turma da Mônica.
Depois vieram os heróis da DC Comics e Marvel.
Aí crescemos e passamos a interpretar o mundo por nós mesmos e isso passou a se manifestar em nossas escolhas. Não queríamos mais o humor infanto-juvenil: queríamos a acidez e a contestação da revista MAD.Não aceitávamos mais os heróis sempre arrumadinhos, defensores do sistema e esperançosos quanto ao futuro: queríamos personagens com personalidade,
para o bem ou para o mal.
para o bem ou para o mal.
Foi quando conheci "Sandman".
Inspirada na mitologia ocidental, foi com o dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), (mais conhecido por suas obras infantis como "O Patinho Feio", "A Roupa Nova do Rei" e "O Soldadinho de Chumbo", entre outros) que Sandman, criatura mitológica que sopra areia nos olhos das crianças induzindo-as ao sono e aterrorizando-as com visões, virou obra literária. Em 1988, Sandman ganhou sua versão atualizada por Neil Gaiman e Editora Vertigo. O clima sombrio, os temas adultos envolvendo fé, conspirações, ganância, misturavam-se com a ficção e geravam o que nós queríamos naquela época:
um lastro que sustentasse o universo ficcional das HQs à realidade humana nem sempre bela e feliz.
um lastro que sustentasse o universo ficcional das HQs à realidade humana nem sempre bela e feliz.
As 75 edições de "Sandman", no Brasil, logo ganharam destaque não apenas entre os aficcionados, mas também entre a crítica que lhe atribuiu aquela aura de "cultura superior" que as elites do saber raramente concedem às obras populares (sejam elas literatura, quadrinhos, artes gráficas, teatro ou música).
Tanto faz.
Foi lendo "Sandman" que percebi que ainda havia nas HQs um universo que me interessava, sem bem ou mal, sem certo ou errado, cheio de referências reais e criatividade ficcional.
Num país onde ler passa longe do gosto geral,
"Sandman" me ajudou - e muito - a ingressar na literatura diversa e de qualidade.
Num país onde ler passa longe do gosto geral,
"Sandman" me ajudou - e muito - a ingressar na literatura diversa e de qualidade.
Recomendadíssimo.
Até mais
2 comentários
Saudações, Mary.
O Sandaman da mitologia anglo-saxônica virou super-herói (nos moldes clássicos da DC Comics) em 1939. Depois, em 74, novamente Sandman retornou, primeiro como Garrett Sanford, depois como Hector Hall).
Em 88, Gaiman "reposicionou" o personagem, estabelecendo-o como uma entidade divina responsável pelo sonhar.
Herói nobre, trágico, no estilo tradicional dos heróis da tragédia grega, Sandman prima hora pela irascibilidade, hora pela indiferença - mas sempre melancólico e pesaroso. Esforçando-se vigorosamente em compreender sua própria natureza, Sandman é feito das idéias solidificadas nos sonhos, o que o torna algoz e vítima de seu próprio destino.
Misturando mitologias, terror e fantasia, "Sandman" foi premiada 30 vezes com o "Eisner Awards", o Oscar dos quadrinhos, e Gaiman, eleito o melhor escritor melhor escritor de 1991 a 94.
Não é à toa que somos assim, certo Mary?
Confesso que nada sei de Neil Gaiman a não ser que ele é importante no mundo dos HQs e noivo de uma das minhas cantoras favoritas, Amanda Palmer.
Já virei uma noite procurando por Sandman e nada, só links quebrados e decepção...
Já estou baixando, agoro super contente.
Eternamente obrigada pela dica.
Abraços